terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Ateísmo sociológico - A religião na teoria de Émile Durkhein

Em uma importante obra, publicada em 1912, As Formas Elementares da Vida Religiosa, E. Durkheim propõe a elaboração de uma teoria geral da religião fundamentada nas formas mais simples e primitivas das instituições religiosas. Durkheim acredita, assim, que se possa apreender a essência de um fenômeno social observando suas formas mais elementares. Por isso parte do estudo do totemismo nas tribos australianas, chegando à conclusão de que os homens adoram uma realidade que os ultrapassa, que sobrevive a eles, mas que esta realidade é a própria sociedade sacralizada como força superior. Nem as forças naturais, nem os espíritos, nem as almas são sagradas por si mesmas. Só a sociedade é uma realidade sagrada por si mesma. Pertence à ordem da natureza, mas a ultrapassa. É ao mesmo tempo causa do fenômeno religioso e justificativa da distinção entre sagrado e profano. Para Durkheim, qualquer crença ou prática religiosa é semelhante às práticas totêmicas.

Mas por que a própria sociedade torna-se objeto de crença e culto? Durkheim explica: "De maneira geral, não há dúvida de que uma sociedade tem tudo o que é preciso para despertar nos espíritos, unicamente pela ação que ele exerce sobre eles, a sensação do divino; porque ela é para os seus membros o que um deus é para os seus fiéis. Um deus, com efeito, é antes de tudo um ser que o homem imagina, em determinados aspectos, como superior a si mesmo e de quem acredita depender. Quer se trate de personalidade consciente, como Zeus ou Javé, ou então de forças abstratas como as que estão presentes no totemismo, o fiel, tanto num caso como no outro, acredita-se obrigado a determinadas maneiras de agir que lhe são impostas pela natureza do princípio sagrado com o qual se sente em relação. Ora, a sociedade também alimenta em nós a sensação de contínua dependência. Como tem natureza que lhe é própria, diferente da nossa natureza de indivíduo, ela visa a fins que lhe são igualmente especiais: mas, como só pode atingi-los por nosso intermédio, reclama imperiosamente nosso concurso. Ela exige que, esquecidos de nossos interesses, nos tornemos seus servidores e nos impõe toda espécie de incômodos, de privações e de sacrifícios sem os quais a vida social seria impossível. É por isso que a cada instante somos obrigados a nos submeter a regras de comportamento e de pensamento que não fizemos nem quisemos, e que às vezes são até contrárias às nossas tendências e aos nossos instintos fundamentais.

Todavia, se a sociedade só obtivesse de nós essas concessões e esses sacrifícios por imposição material, não poderia despertar em nós senão a idéia de força física à qual devemos ceder por necessidade, e não a idéia de força moral do gênero das que as religiões adoram. Mas na realidade, o domínio que ela exerce sobre as consciências vincula-se muito menos à supremacia física de que tem o privilégio do que à autoridade moral de que está investida. Se nos submetemos às suas ordens, não é simplesmente porque está armada de maneira a triunfar das nossas resistências, é, antes de tudo, porque constitui o objeto de autêntico respeito".

Em As Regras do Método Sociológico, de 1895, Durkheim propõe, com sua sociologia formular uma teoria do fato social, demonstrando que pode haver uma ciência sociológica objetiva e científica, como nas ciências físico-matemáticas.

Para que haja tal ciência são necessárias duas coisas: um objeto específico que se distinga dos objetos das outras ciências e um objeto que possa ser observado e explicado, como se faz nas ciências.

Daí duas outras importantes afirmações de Durkheim:

· os fatos sociais devem ser considerados como coisas

· os fatos sociais exercem uma coerção sobre os indivíduos.

E explica: "É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coação exterior; ou ainda, que é geral no conjunto de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas manifestações individuais".

Teoria do fato social - Durkhein

5 comentários:

Alexandre disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alexandre disse...

Parbéns pela iniciativa. Os textos do Blog são bem concisos e completos.

Tenho 17 e também sou ateu, acho de fundamental a luta (intelectual) contra a religião. Vinte cinco séculos de filosofia e a humanidade ainda possui defeitos presentes em seu nascimento. Abrir os olhos das pessoas é o primeiro passo, é um trabalho difícil, pois nossas mentes são lavadas desde de crianças, mas já estamos evoluindo. A alienação se acaba discutindo e questionando, se cada um fazer sua parte em seu meio social, podemos acabar com essa escravidão.

Faz pouco tempo que fiz um Blog. Se quiser visitá-lo, aqui está o link:

www.filosofiadesquina.blogspot.com

Anônimo disse...

"A alienação se acaba discutindo e questionando, se cada um fazer sua parte em seu meio social, podemos acabar com essa escravidão." justamente! vocês falam em destruir uma alienação religiosa, mais são totalmente influenciados por teorias banais e insignificante. Criticam tanto instituições religiosa, que chega ser hilário suas argumentações, que não passa nada mais, nada menos, que uma nova instituição, tao religiosa quanto as tradicionalista, apenas com nomes e deuses diferentes, realmente é motivo de sorriso no meus lábios ao me deparar com tanta ignorância .

IGC.Brasil disse...

Texto tão mal redigido, sem a mínima revisão, que já começa errando no título, no nome do autor. Escreve-se Durkheim!

eleanahquate disse...

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